terça-feira, 26 de maio de 2015

Ciclos da vida

Eu hoje estava atualizando os dados da minha conta no blog, e olhando tudo que eu já publiquei e os blogs que seguia nesses quatro anos de conta. Nesse meio tempo criei dois blogs, ambos em 2011, que coincidentemente foi o meu último ano de faculdade. E agora aqui estou eu, a mais recente ex au pair criando um blog novamente. Interessante né?!.
Por cinco anos da minha vida, o meu único objetivo era me graduar, e eu acreditava que depois disso a vida seria fácil, hahaha, mal sabia eu que os maiores desafios ainda estavam por vir. Bom, nesse ano minha cabeça fervilhava com mil dúvidas do que fazer, porque afinal de contas, terminar a faculdade é sim uma grande conquista, mas, depois que você é uma pessoa "formada", espera que ache um emprego, comece a pensar a sair da casa dos pais e tenha uma vida "independente".
 Ohhhhh well, segui com meu plano e meu blog de au pair em 2011 e 2012, mas fiz um curso de especialização assim que sai da faculdade e adiei o plano de viajar por mais um ano. Eu sabia que viajar e ser au pair era o que eu queria fazer, mas ainda precisava de tempo para juntar energia necessária dentro de mim e assumir o meu desejo. Achei que esperar e me "preparar" fosse tornar a decisão e  as ações que precisava tomar mais fáceis. Além de tudo, eu realmente precisava de tempo pra resolver questões práticas como tirar habilitação, melhorar o inglês e etc. E devagar e sempre, consegui uma família, mesmo com o inglês ruim, sem dinheiro suficiente e muitas pessoas dizendo que talvez não fosse a melhor decisão a ser tomada, eu vim. E eu vim, não pelo sonho de muitas de morar fora, de viajar... Mesmo querendo muito tudo isso, a minha maior motivação era provar pra mim mesma que eu podia, que eu daria conta, e que mesmo com medo, com toda a insegurança, eu iria arriscar. E como algumas pessoas falam, quanto maior o risco, maior a recompensa, eu não poderia estar mais feliz com a escolha que tomei.
Nesses dois anos e dois meses que moro nos Estados Unidos aprendi muito, chorei o choro mais intenso e o sorriso mais alegre. Aprendi a me deixar levar, a experienciar, a ser leve e a aceitar os meus sentimentos e frustrações como algo que também faz parte de mim.
É engraçado também o fato de que estar vivendo longe da minha família, me aproximou especialmente da minha mãe de uma forma absurda, e foi ai que percebi que as relações que realmente fazem sentido, não se perdem.
Nesses dois anos e dois meses, eu aprendi que dinheiro não traz felicidade. E que os meus momentos mais felizes foram os mais simples. Sabe aquele abraco que você recebe quando tá triste, ou aquela ligação que você faz no meio da noite só pra ouvir a voz da sua mãe, ou pular no lago gelado com a pessoa que sente que vai ser o amor da sua vida.
Foi aqui que me dei a chance de me entregar à loucura, à tristeza, e à alegria das formas mais viscerais que experienciei. Fui aos extremos pra achar a minha medida, e precisei estar sozinha e longe de todos aqueles que amo pra me permitir. Não sei se esse é o caminho, mas esse foi o meu caminho.
Morar longe, na casa de estranhos, que depois de um tempo se tornam o mais próximo daquilo que pode chamar de família, me trouxe uma percepção do quanto podemos ser flexíveis e que coisas que uma vez pensávamos ser tão distantes se tornam realidade, cotidiano. E o mais interessante de tudo isso é que, continuamos olhando pra frente, vendo daí outras coisas como sonhos, e percebendo que a chegada nunca chega e que o importante é aproveitar o caminho e os pequenos e sinceros prazeres que a vida nos dá.
Sei que tenho muito o que melhorar, e continuo na constante luta contra e a favor de mim mesma. Mas fico feliz ao saber que a cada dia que passa consigo ser mais honesta comigo e com os meus sentimentos, e mesmo que as vezes desapontada, estou assumindo cada dia mais as minhas quedas e desequilíbrios. Estou hoje aprendendo a olhar pra mim, com orgulho. Orgulho de ser imperfeita, de saber que isso me faz humana, e que a beleza da vida está na luta, no suor e na batalha.
Os finais e recomeços sempre me fazem entrar numa fase pensativa, numa fase de ambiguidade e de altos e baixos. Mas agora, escrevendo e pensando sobre isso, percebo que eu estou exatamente nessa fase. Por dois anos me permiti viver, me permiti virar cavalo selvagem e correr pelos pastos da vida, só pra sentir o quão longe eu poderia correr e quantas coisas diferentes eu poderia conhecer, quais os sentimentos poderia sentir. E agora, há dois meses estou num caminho de volta, como um filho que retorna a casa depois de uma grande viagem. Que tem que desfazer as malas e contar as historias que viveu. E aprender a olhar para o agora, com olhos diferentes, com uma atitude mais madura, e ao mesmo tempo, com medo de se sentir preso novamente. Eu virei cavalo arisco, e não tinha me dado conta disso. Agora meu desafio é aprender a ficar, a criar laços, não porque eu tenho que, mas porque eu quero.
Eu quero compartilhar, eu quero estar junto, e pra mim que achava que tinha vivido uma grande aventura, mal sabia que estava prestes a vivenciar uma muito maior.
Os ciclos da vida são lindos! E aqui estou eu pronta pra viver o agora!


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